Brasil se metendo na política interna de outros países. Isto é positivo?
Por Alexandre Sanxz – O Brasil participou de uma parte da história política de Honduras. Isto repercutiu em todo o mundo. O leitor do Agridoce não entendeu nada? Então o Sanxz explica tudo e te coloca por dentro da situação.
Contexto
Honduras é um país da América Central e sua capital é Tegucigalpa, onde também fica a Embaixada do Brasil em Honduras. As eleições para presidente é feita por voto popular com um mandato de quatro anos, não renováveis.
Em 2005, Manuel Zelaya foi eleito presidente de Honduras pelo Partido Liberal, que é alinhado aos princípios americanos. Em 2007 passou a se tornar um país mais socialista, o que desagradou boa parte da elite hondurenha, além de perder o apoio do Congresso e dos Estados Unidos. Neste mesmo ano houve críticas do mundo todo porque as emissoras de rádio e TV foram obrigadas apresentar programas do governo.
Motivo da Crise
Em março de 2009, o presidente Manuel Zelaya tentou alterar a clausula petrea da Constituição que impede a reeleição no país, para que ele pudesse concorrer ao cargo de presidente novamente. Apesar da proibição pela Corte Suprema, em 28 de Julho de 2009 Zelaya convoca plebiscito à revelia, fazendo com que a Corte Suprema decretasse sua prisão e sua extradição à Costa Rica, impedido de voltar sob a Honduras sob o risco de ser preso, sem um processo legal e sem direito de defesa do réu. Estava aí o golpe de Honduras, quando uma elite depõe o seu governo atual, sem pretensão de fazer mudanças na política vigente, somente para tomar o poder. Assim, quem assumiu foi Roberto Micheletti, ex presidente do Congresso. Este novo governo não foi reconhecido por nenhum país e todos exigem a volta de Zelaya para a presidência.
Brasil na crise de Honduras
Após várias tentativas, em 21 de setembro de 2009, Zelaya consegue chegar de surpresa à embaixada brasileira, onde é recebido como hóspede. Digo “surpresa” porque o Itamaraty alega não saber das intenções de Zelaya de voltar a Honduras até o momento de sua chegada. É aqui que o Brasil entra na Crise de Honduras.
Desde a chegada de Zelaya na embaixada brasileira, muitos protestos contra e a favor do presidente exilado e confrontos com a polícia hondurenha aconteceram. A embaixada brasileira foi cercada por soldados de seu exercito e por policiais. Houve decreto de toque de recolher e estado de sítio, para a segurança do povo, alegava o governo de fato.
Micheletti e seu governo ameaçaram invadir a embaixada, e efetivou cortes nos serviços básicos, como água, luz e comida, além do impedimento da circulação de pessoas de dentro para fora da embaixada. O governo hondurenho estava tomando uma posição arriscada pelas leis da diplomacia e cometendo um crime fazendo tudo isto e Zelaya estava aproveitando toda a crise para usar de palanque para sua causa.
O Brasil, por estar no meio do confronto, tomou uma posição muito arriscada em relação ao governo hondurenho atual. Utilizou este espaço para aumentar sua influencia e diplomacia na região, já que os Estados Unidos não tomaram providências rígidas em relação a Honduras – eles se interessam mais nas crises externas do Iraque e do Afeganistão.
Resolução da crise
As tentativas do Brasil e da OEA (Organização dos Estados Americanos), acredito, foram em vão. O governo atual não pretende facilitar a restauração do governo de Zelaya. Assim, as fronteiras do país estão fechadas, as exportações caindo absurdamente, a economia declinando. É um jogo de egos: Zelaya não aceita algumas condições, enquanto Micheletti se recusa a aceitar seu rival de volta.
Os pontos a serem negociados, a partir de agora, e que ainda está em impasse em ambos os lados, são:
– volta de Zelaya à presidência, principalmente para realização das eleições para o próximo mandato
– desistência de Zelaya de tentar mudar a Constituição
– anistia a ambos os lados: de Micheletti e de Zelaya.
O Agridoce opina
A Crise de Honduras, como disse Sanxz, é um jogo de egos políticos. Esta crise está acabando com o país economicamente. Apesar da ciência disto pelos dois lados, o governo atual está mais preocupado em evitar que o presidente eleito volte a seu cargo do que em resolver estas questões rapidamente
As eleições para novo presidente podem sofrer atrasos, fronteiras se fecham, exportações diminuem e a pobreza aumenta no segundo país mais pobre da América Latina.
O Brasil errou em proteger Zelaya em sua embaixada, principalmente depois que Micheletti concordou que a extradição e a prisão foram feitas de forma errada. Sim, o Brasil deve aumentar seu espaço diplomático e aproveitar que os Estados Unidos não estão interessados nos problemas políticos da America Latina para isto.
O presidente Lula acertou sim em resolver alguns impasses com Honduras, evitando uma possível guerra ou fortes atritos com o país. Acertou em seguir o que outros países achavam desta crise, não aceitando um governo golpista, mas se intrometeu mais do que devia, politicamente.
A população está muito dividida em relação à crise. Muitos apóiam e muitos vão contra o que Zelaya criou. Sim, eu acredito que a crise foi criada por Zelaya, que não soube ouvir seus conselheiros, exército e Suprema Corte em relação aos assuntos políticos. Volto ao jogo de egos: o presidente não queria aceitar um “não” como resposta à mudança da constituição e, como se fosse dono do país, tentou impor suas próprias vontades.
Fontes
Cronologia da Crise de Honduras no site da Folha
Resumo atual sobre a Crise no site da UOL Educação
Cronologia da Crise de Honduras no portal do Terra
Alexandre Sanxz é seu nome artistico. Toca em uma banda de Heavy Metal, a SexType – isto é nome de banda de heavy metal? -, deixando um ar de originalidade, além de gostar de ser chamado só por Sanxz. Está cursando o primeiro ano de Designer na Faculdade Anhembi Morumbi, trabalha com eventos e shows, tanto da sua banda quanto de outras e ajuda na lojinha de bairro de seus pais de vez em quando (confessa sua preguiça enquanto escreve isto). Mora em Interlagos, tem 22 anos, gosta de tortas salgadas e sorvete e de namorar muito. Conheceu o Agridoce por acaso, fazendo uma pesquisa sobre Michael Jackson e gostou do blog, passando a ser leitor frequente. Aproveitou um trabalho da faculdade sobre o assunto para escrever este texto de forma resumida e que todos pudessem entender. Sabrina Castro, namorada e colega de faculdade, ajudou-o a escrever o texto mais interessada no brinde que iria ganhar. Conseguiram dois brindes por terem participado conjuntamente e só para ter um agradinho Agridoce. Sanxz, com ajuda de Sabrina, será o novo colaborador do Agridoce durante um mês, a partir de 26 de outubro com textos curtos sobre curiosidades diversas.